- Contradições bíblicas Inexplicáveis

Contradições Inexplicáveis

Existem várias passagens do novo testamento em que os escritores fazem um grande esforço de aplicar certas passagens do velho testamento. Há várias citações de trechos encontrados nos salmos, nos profetas e na lei mosaica. O interessante é que nem mesmo assim existe uma coerência na Bíblia, nem em passagens que os escritores do novo testamento podiam confirmar a citação, conferindo nas cópias disponíveis do velho testamento, nem estes relatos escapam das contradições.

Veja por exemplo o caso de 1ª Coríntios 10:8 onde o escritor bíblico cita um acontecimento registrado em Números 25:9. O relato de Números conta uma ocasião em que os israelitas começaram a adorar um Deus cananeu, deixando o Deus bíblico muito irado. Na sua fúria ele mata 24.000 pessoas. O escritor de 1ª Coríntios menciona este mesmo acontecimento, entretanto ele relata que o número de mortos foi 23.000. Afinal, o número dos mortos por Deus foi 23.000 ou 24.000? Como pôde o escritor de 1ª Coríntios cometer um erro histórico tão infantil?

Outro exemplo se encontra em Marcos 2:23-28. Neste texto Jesus é questionado pelos fariseus devido ao fato de que seus discípulos, ao atravessar um campo de trigo, arrancaram alguns grãos e os comeram num sábado. Jesus cita uma passagem do velho testamento em 1ª Samuel 21:1-6 onde Davi e alguns de seus homens, fugindo da perseguição implacável do rei Saul, refugiam-se em Nobe. Ali o sumo sacerdote dá a eles os pães da preposição, que eram sagrados e só deviam ser comidos pelo sacerdote. Jesus cita essa passagem com o intuito de mostrar aos fariseus que em momentos de crise extrema, como no caso de Davi e seus homens que estavam famintos, em plena fuga, num momento de dificuldade, pode-se abrir algumas exceções na lei. Por isso Jesus encerra seu raciocínio com a frase: “o sábado foi feito para os homens, não os homens para o sábado”.

Realmente uma grande citação, destacando que o ser humano é mais importante do que um ritual religioso. Ate aí tudo bem, mas o detalhe é que o escritor bíblico de Marcos, ao citar um acontecimento que já se encontrava na Bíblia, no livro de 1ª Samuel, cita o nome do sumo sacerdote errado, isso mesmo, no evangelho de Marcos, Jesus chama-o de Abiatar, mas no livro de Samuel o sumo sacerdote chama-se Aimeleque. E não se trata de uma simples confusão de nomes e nem mesmo podemos dizer que o sumo sacerdote da época tinha dois nomes, pois na realidade Abiatar era filho de Aimeleque, fato conhecido pelos judeus da época. A linhagem sacerdotal era coisa séria para os judeus, tinham-se registros de todos os sumo sacerdotes e o mais impressionante nesta história é que o relato de Samuel fazia parte dos livros sagrados dos judeus. O escritor de Marcos podia facilmente consultar o registro, além disso, as histórias envolvendo o famoso rei Davi eram muito conhecidas entre os judeus. Portanto, como pôde o escritor de Marcos cometer esse grave erro histórico? Como explicar uma gafe histórica tão ridícula como esta?

Existem alguns relatos na Bíblia em que diferentes escritores contam o mesmo fato, o interessante é que em muitos destes relatos existem contradições impressionantes. Por exemplo, o escritor de Marcos diz que Jesus foi morto no 1º dia dos Pães não fermentados, quer dizer, depois do começo da páscoa (Marcos 14:12). Já o escritor do livro de João afirma categoricamente que Jesus morreu na preparação para a páscoa, quer dizer, antes do começo da páscoa (João 19:14).

O relato de Lucas sobre o nascimento de Jesus diz que após seu nascimento, José e Maria regressaram a Nazaré um mês depois de terem ido a Belém e depois a Jerusalém, cumprindo os ritos da purificação (Lucas 2:21-39). Porém o livro de Mateus diz que, após o nascimento de Jesus, José e Maria fugiram para o Egito e ali ficaram até a morte de Herodes (Mateus 2:1-23).

No livro de Gálatas, o escritor se identificando como o próprio apóstolo Paulo, diz que depois de sua conversão no caminho para Damasco, ele não foi a Jerusalém encontrar-se com aqueles que eram apóstolos antes dele, primeiro foi para a Arábia, depois voltou para Damasco, e só depois de três anos é que finalmente ele foi a Jerusalém (Gálatas 1:16-18). Entretanto, o livro de Atos dos apóstolos diz claramente que a primeira coisa que Paulo fez ao deixar Damasco foi ir a Jerusalém (Atos 9:1-26).

Em Mateus 8:5 diz que quando Jesus entrou em Cafarnaum, “veio a ele um oficial do exército, suplicando que Jesus curasse o servo dele”. Mas em Lucas 7:3 diz que este oficial do exército enviou anciãos dos judeus para lhe pedirem que curasse seu servo. Afinal, foi o oficial do exército que falou com Jesus, ou foram os anciãos dos judeus?

No relato de Mateus 20:20, 21 lemos que se aproximou de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, prestando-lhe homenagem e pedindo que seus filhos obtivessem a posição mais favorecida quando Jesus entrasse no seu reino. Já no relato de Marcos 10:35-37 lemos que Tiago e João, os dois filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus pedindo uma posição mais favorecida quando Jesus entrasse no seu reino. Qual relato está correto? Foi à mãe dos filhos de Zebedeu ou foram os próprios filhos que interrogaram Jesus?

O livro de Lucas, ao descrever a transfiguração de Jesus, diz que este evento ocorreu oito dias depois de Jesus ter prometido aos seus discípulos que alguns deles não provariam a morte, até que primeiro vissem Jesus na glória de seu reino, o que ocorreu na dita transfiguração (Lucas 9:27, 28). Só que os relatos paralelos do mesmo evento dizem que a transfiguração ocorreu seis dias depois das palavras de Jesus (Mateus 17:1; Marcos 9:2).

Em Mateus 20:29-34 relata-se a cura de dois cegos feita por Jesus quando estava saindo da cidade de Jericó. Porém, em Marcos 10:46-52 diz que na realidade era apenas um cego, o escritor inclusive revela seu nome, Bartimeu (filho de Timeu). Já em Lucas 18:35-43 fala que Jesus curou este cego chegando em Jericó. E agora? Eram dois cegos ou apenas um? Jesus fez esta cura saindo ou chegando na cidade de Jericó? 

Em Mateus 27:49, 50 diz claramente que um soldado pega uma lança e perfura Jesus enquanto ele ainda está vivo, depois disso ele clama a Deus e morre. Porém, no relato paralelo de João 19:33, 34 é dito que depois que os soldados confirmaram que Jesus estava morto, note bem, depois da morte de Jesus um soldado pega a lança e perfura Jesus. Afinal, Jesus foi perfurado enquanto estava vivo ou depois de morto?

Em Mateus 21:17-19 Jesus amaldiçoa uma figueira depois que ele sai do templo e ela seca imediatamente depois de amaldiçoada. Mas no relato de Marcos 11:14-15,20 Jesus amaldiçoa a figueira antes de ter entrado no templo e ela seca um dia depois de Jesus tê-la amaldiçoado. 

Mateus 8:2-4 diz que Jesus cura um leproso. Na continuação do relato no versículo 14 Jesus entra na casa de Pedro e cura sua sogra. Portanto, segundo este relato Jesus curou o leproso antes de visitar a casa de Pedro e curar sua sogra. Entretanto, o relato de Marcos 1:29 diz claramente que Jesus visita a casa de Pedro primeiro, cura sua sogra e depois de sair ele cura o leproso conforme mostra os versículos 40-42. Assim, segundo o relato de Marcos Jesus curou o leproso depois de visitar a casa de Pedro. 

Mateus 21:2-7 nos fala que Jesus mandou dois discípulos levarem uma jumenta e um jumentinho para ele. Já o relato de Marcos 11:2-7 diz que Jesus mandou os dois discípulos levarem apenas um jumentinho e assim eles fizeram. Agora eu lhe pergunto: os dois discípulos levaram uma jumenta e um jumentinho ou apenas um jumentinho? Será que o escritor do livro de Marcos tinha alguma coisa contra a coitada da jumenta a ponto de nem mesmo citá-la em seu relato? 
Em Mateus 23:25 Jesus disse que Zacarias era filho de Baraquias. Mas em 2ª Crônicas 24:20-22 diz explicitamente que Zacarias era filho de Jeoiada. Afinal, quem era realmente o pai de Zacarias?

Atos 9:7 relata que quando Paulo estava a caminho de Damasco para perseguir os cristãos, teve uma visão e ficou cego. Durante esta visão os homens que iam com ele, segundo o relato, ouviram a voz que falava com Paulo, mas não viram ninguém. Entretanto, em Atos 22:9 diz claramente que neste mesmo acontecimento, os homens que estavam com Paulo não ouviram a voz daquele que falava com Paulo. E agora? Na conversão de Paulo, os que estavam com ele ouviram vozes ou não ouviram? Se os próprios escritores da bíblia contando o mesmo fato, não conseguem chegar num acordo, como podemos levar a sério estes registros? 

Veja outra questão de difícil solução. A que hora Jesus foi morto? O evangelho considerado o mais antigo dos quatro que estão na Bíblia afirma: "Era a terceira hora, e pregaram-no numa estaca" (Marcos 15:25). Já aquele que se acredita ter sido o último evangelho escrito dos quatro, dá a seguinte informação: “E era a preparação da páscoa, cerca da sexta hora; e disse aos judeus: Eis aqui vosso rei. Eles porém clamaram...para a estaca com ele!” (João 19:14-15). Enquanto um evangelho diz que ele foi morto à terceira hora, equivalente às nove da manhã no nosso sistema, o outro diz que à sexta hora, três horas depois, isto é, ao meio-dia Pilatos ainda estava apresentando Jesus ao seu povo, que pedia a sua morte. Quem terá dito a verdade? 

Vamos analisar agora a questão do galo, isto mesmo, a questão de quantas vezes o galo cantou. Mateus informou que, após Pedro negar a Jesus por três vezes, “... imediatamente cantou o galo. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes” (Mateus, 26: 74, 75). Marcos disse que, após Pedro negar a Jesus pela segunda vez, o galo cantou. E ao afirmar Pedro pela terceira vez que não conhecia Jesus, “... cantou o galo pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes” (Marcos, 14: 68, 72). Afinal, o galo cantou uma vez depois de Pedro negar a Cristo três vezes ou duas vezes, uma após a segunda negação e outra após a terceira negação? Para complicar ainda mais a situação, o relato de João descreve uma terceira versão: “Ora, Simão Pedro estava parado e se aquecia. Disseram-lhe então: Não és tu também um dos seus discípulos? Ele o negou e disse: Não sou. Um dos escravos do sumo sacerdote, sendo parente do homem cuja orelha Pedro cortara, disse: Não te vi no jardim com ele? No entanto, Pedro negou-o novamente; e, imediatamente, cantou um galo” (João 18:25-27). Agora, Pedro nega a Jesus apenas duas vezes, para depois o galo cantar uma vez. Quem está dizendo a verdade? 

Vejamos mais um exemplo. Quais foram às últimas palavras de Jesus? Os evangelistas discordam também nesse pormenor. Mateus diz: “Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias. E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber. Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo. De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito” (Mateus, 27:46-50). Já Lucas afirma: “Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou” (Lucas, 23: 46). Porém João relata: “Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (João, 19: 30). O relato de Mateus não informa com muita ênfase. “Eli, Eli, lama sabactani” não teriam sido necessariamente suas últimas palavras. “De novo bradou Jesus com grande voz” parece dizer que ele repetiu as palavras anteriores; mas até poderíamos admitir que bradar de novo poderia ser proferindo outras palavras. Todavia, Lucas e João apresentam especificamente suas palavras, mas não são as mesmas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” são suas palavras finais segundo Lucas. Para João foram: “está consumado”. 

Outro relato confuso na Bíblia trata da morte de Judas. O relato de Mateus diz: “Então Judas, que o traiu, vendo que tinha sido condenado, sentiu remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e anciãos, dizendo: Pequei quando traí sangue justo. Eles disseram: Que temos nós com isso? Isso é contigo! De modo que ele lançou as moedas de prata dentro do templo e retirou-se, e, tendo saído, enforcou-se. Mas os principais sacerdotes tomaram as moedas de prata e disseram: Não é lícito deitá-las no tesouro sagrado, porque são o preço de sangue. Depois de se consultarem entre si, compraram com elas o campo do oleiro, para enterrar os estranhos. Aquele campo veio por isso a ser chamado de ‘Campo de Sangue’, até o dia de hoje. Cumpriu-se assim aquilo que fora falado por intermédio de Jeremias, o profeta, que disse: E tomaram as trinta moedas de prata, o preço do homem com que foi avaliado, daquele a quem alguns dos filhos de Israel puseram um preço, e deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que Jeová me tinha ordenado” (Mateus 27:3-10).

Fica claro que segundo Mateus, Judas lança as moedas no templo e sai para se esforçar. Os sacerdotes de posse deste dinheiro resolvem comprar um campo com ele e chamá-lo de campo do oleiro. Depois o texto diz que o fato de Jesus ser traído por trinta moedas de prata cumpriu uma profecia de Jeremias, entretanto, Jeremias nunca falou isso, nem algo semelhante a isso. Pois bem, agora veja o relato dos Atos dos Apóstolos: “Homens, irmãos, era necessário que se cumprisse a escritura, que o Espírito Santo predissera pela boca de Davi a respeito de Judas, que se tornou guia dos que prenderam a Jesus, porque tinha sido contado entre nós e obtivera uma parte neste ministério. (Este mesmo homem, portanto, comprou um campo com o salário da injustiça, e, jogando-se de cabeça para baixo, rebentou ruidosamente pelo meio e se derramaram todos os seus intestinos. Também todos os habitantes de Jerusalém ficaram sabendo disso, de modo que aquele campo foi chamado na língua deles Acéldama, isto é: Campo de Sangue) (Atos 1:16-19). Conforme pôde observar acima, o livro dos Atos dos Apóstolos traz uma versão totalmente diferente, Judas não lança mais o dinheiro no templo, pelo contrário, ele mesmo compra o tal terreno com as trinta moedas de prata e joga-se de cabeça neste local. Como conseqüência de sua queda seus intestinos saem para fora. Devido a esta tragédia o campo recebe o nome de Campo de Sangue.

Agora, para aumentar ainda mais a confusão, arqueólogos encontraram em 1970 no deserto Egípcio de El Minya, um manuscrito encadernado em couro que foi copiado por volta do ano 300 depois de Cristo. Tal manuscrito circulou entre vendedores de antiguidades, até chegar à Europa e, depois, aos Estados Unidos, onde permaneceu no cofre de um banco de Long Island por 16 anos, até ser novamente comprado no ano 2000, pelo antiquário suíço Frieda Nussberger-Tchacos. Preocupado com sua possível deterioração, o antiquário entregou o manuscrito à fundação suíça Maecenas Foundation for Ancient Art em fevereiro de 2001, a fim de preservá-lo e traduzi-lo. Após a restauração do documento, o trabalho de análise e tradução foi confiado a uma equipe dirigida pelo professor Rudolf Kasser, aposentado pela Universidade de Genebra. O documento está mantido agora em um museu do Cairo. O evangelho já citado por Santo Irineu de Lyon, no século II descreve uma outra versão completamente diferente. Ao contrário das versões de Mateus e dos Atos dos Apóstolos, o texto em questão indica que Judas era um iniciado que traiu Jesus a pedido dele próprio, e para a redenção da Humanidade. Segundo esse evangelho, Judas teria "sido perdoado por Jesus e orientado a se retirar para fazer exercícios espirituais no deserto". Agora você decide quem esta falando a verdade? 

Outro exemplo de contradição se encontra nos relatos que descrevem as pessoas zombando de Jesus enquanto ele agoniza na estaca de tortura. O evangelho de Mateus narra desta forma: “Dois salteadores foram então com ele pregados em estacas, um à sua direita e outro à sua esquerda. Os que passavam começaram assim a falar dele de modo ultrajante, sacudindo a cabeça e dizendo: Ó tu, pretenso derrubador do templo e constroi outro em três dias, salva-te a ti mesmo! Se tu és filho de Deus, desce da cruz de tortura! Do mesmo modo também os principais sacerdotes, junto com os escribas e os anciãos, começaram a divertir-se às custas dele e a dizer: A outros ele salvou; a si mesmo não pode salvar! Ele é Rei de Israel; desça agora da estaca de tortura, e nós acreditaremos nele. Depositou a sua confiança em Deus; que Ele o socorra agora, se Ele o quiser, pois este disse: ‘Sou Filho de Deus.’ Do mesmo modo, até os salteadores, que com ele estavam pregados em cruzes, começaram a vituperá-lo” (Mateus 27:38-44).

Está muito claro não é mesmo? Dois ladrões foram também condenados à morte e estavam lá agonizando ao lado de Jesus. Todos que assistiam aquela cena começaram a zombar de Jesus, inclusive os dois ladrões que estavam sendo executados. Segundo o relato os dois começaram a vituperá-lo. 
O evangelho de Marcos traz um relato semelhante: “Além disso, junto com ele, pregaram também em cruzes dois salteadores, um à sua direita e outro à sua esquerda...Vituperaram-no até mesmo os que com ele foram pregados em cruzes” (Marcos 15:27-32). Vimos à confirmação de que os dois ladrões se juntaram aos demais zombando de Jesus. 
Mas o relato no evangelho de Lucas contradiz totalmente os outros relatos: “Mas, dois outros homens, malfeitores, também estavam sendo levados para serem executados com ele. E quando chegaram ao lugar chamado Caveira, pregaram-no numa cruz, e assim também os malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda... Mas os governantes escarneciam, dizendo: A outros ele salvou; salve-se a si mesmo, se este é o Cristo de Deus, o Escolhido. Até mesmo os soldados se divertiam às custas dele, chegando-se perto e oferecendo-lhe vinho acre, e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te. Mas, um dos malfeitores pendurados começou a dizer-lhe de modo ultrajante: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós. Em resposta, o outro o censurou e disse: Não temes absolutamente a Deus, agora que estás no mesmo juízo? E nós, deveras, com justiça, pois estamos recebendo plenamente o que merecemos pelas coisas que fizemos; mas este [homem] não fez nada fora de ordem. E ele prosseguiu a dizer: Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E ele lhe disse: Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso”(Lucas 23:32-43). 

O escritor do evangelho de Lucas resolveu desmentir os outros dois relatos deixando claro que apenas um dos ladrões zombou de Jesus. E disse mais, segundo ele o outro ladrão censurou aquele que zombava defendendo Jesus de maneira enfática e depois ainda pediu que Jesus se lembrasse dele. Se este ladrão teve este ato tão nobre, demonstrando arrependimento pela maneira em que viveu sua vida e uma fé tão grande em Jesus, porque os outros dois relatos nada dizem a esse respeito, e pior, denigrem a imagem deste ladrão arrependido, dizendo que ele simplesmente se juntou ao outro ladrão zombando e vituperando Jesus. Em qual das duas versões devo acreditar? 

É digno de nota que o evangelho de João resolve não entrar nesta polêmica, ele faz menção dos ladrões, mas segundo o relato eles nem zombam e nem defendem Jesus, entram mudos e morrem calados: “...e ali o pregaram numa cruz, e, junto com ele, mais dois [homens], um deste lado e um daquele, mas Jesus no meio... Os soldados vieram, portanto, e quebraram as pernas do primeiro [homem] e as do outro [homem] que com ele tinham sido pregados em estacas. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas”(João 19:18-33). 

A própria bíblia diz que para um relato ser considerado verdadeiro, deve ser confirmado pela boca de duas ou três testemunhas (Deuteronômio 19:15; Mateus 18:16; João 8:17; 2ªCoríntios 13:1; 1ªTimóteo 5:19; Hebreus 10:28). Obviamente tais testemunhos têm de ser coerentes, sem contradições ou divergências. 
Imagine você tentando investigar um acontecimento interrogando as testemunhas. Suponha que cada uma conte uma versão diferente, uma contradizendo a outra, a que conclusão você chegaria? Com certeza a versão que corresponde à verdade é só uma, ou pior, todos podem estar mentindo.
Muitos tentam justificar tais contradições dizendo que os relatos se complementam, quer dizer, um dá detalhes que o outro não deu e assim juntando todos eles, passamos a ter um quadro mais nítido do que realmente aconteceu. 

Raciocínio interessante se os relatos realmente se complementassem, mais não é isso que observamos. Relatos para serem complementares não podem se contradizer. Uma coisa são relatos que se complementam e outra muito diferente são relatos que se contradizem. 

Por exemplo, suponhamos que um colega lhe relate um acontecimento. Ele lhe diz que viu um homem que desceu de uma moto as 9:00 horas da manhã, entrou numa joalheria e a assaltou apenas com uma faca. Daí chega outro colega e relata outros detalhes que complementam o relato do primeiro. Ele diz que o homem era alto e gordo, usava uma jaqueta de couro, sua moto era vermelha e a faca que ele usava era bem grande. Como vimos, um relato não contradisse o outro, ele apenas complementou dando mais detalhes que talvez o outro por distração ou por não ser tão observador não percebeu.

Agora veja o mesmo exemplo, só que agora os dois relatos não vão se complementar, vão se contradizer. Um colega lhe diz que viu um homem alto e gordo usando uma jaqueta de couro descer de uma moto vermelha as 9:00 da manhã, entrar numa joalheria e a assaltar apenas com uma faca. Daí chega outro e relata que na realidade eram dois homens e eles eram magros e baixos, os dois usavam blusas de lã e desceram de uma moto azul as 7:00 horas da noite, entraram na joalheria e a assaltaram com dois rifles. Observamos que nesse segundo exemplo os relatos não foram complementares, muito pelo contrário, eles foram contraditórios. 

Os relatos bíblicos apresentados aqui estão muito longe de serem complementares como afirmam certos religiosos. Na verdade esta é mais uma tentativa deles de dar algum sentido a sua fé. Eles não estão dispostos a enxergar a realidade. Eles precisam defender a Bíblia a qualquer custo, mesmo que isso vá contra todas as evidências.

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