8) Capítulo Oito - Falsificações, mentiras, enganações e os escritos do Novo Testamento

Capítulo Oito - Falsificações, mentiras, enganações e os escritos do Novo Testamento

 Quando faço palestras abertas sobre os livros que não foram incluídos no Novo Testamento, as pessoas costumam me perguntar sobre histórias apócrifas que ouviram. O que sabemos sobre os “anos perdidos” de Jesus, a lacuna entre os 12 e os trinta anos? É verdade que ele foi à Índia estudar com os brâmanes? Jesus era essênio? Não há uma sentença de morte de Pôncio Pilatos ordenando a execução de Jesus? E assim por diante. 

Muito poucas das histórias apócrifas que as pessoas escutam hoje vêm das antigas falsificações que tenho estudado neste livro. Elas saíram de falsificações modernas que alegam representar fatos históricos mantidos escondidos do público por estudiosos ou pelo “Vaticano”. Contudo, os fatos são que esses relatos misteriosos foram denunciados como invenções perpetradas por escritores bem-intencionados ou maldosos dos séculos XIX e XX. Mas essa revelação pouco fez para impedir leigos de acreditar neles. 

FALSIFICAÇÕES, MENTIRAS E EMBUSTES MODERNOS 

Discuto aqui quatro falsificações modernas apenas para dar uma prova do tipo de coisa que tem sido bastante lida. Todas as quatro, e muitas outras, são discutidas e demolidas em dois interessantes livros de estudiosos sinceros da Antiguidade cristã: Edgar Goodspeed, um destacado estudioso americano do Novo Testamento, de meados do século XX, e Per Beskow, um sueco especializado nos primórdios do cristianismo, dos anos 1970.194 

A VIDA DESCONHECIDA DE JESUS CRISTO 

Uma das falsificações modernas mais disseminadas é chamada A vida desconhecida de Jesus Cristo.195 Sabemos por esse relato que Jesus foi à Índia em seus anos de formação na adolescência, os “anos perdidos” antes de seu ministério público, e lá aprendeu os segredos do Oriente. O livro causou furor ao ser publicado em inglês em 1926; mas ele já tinha sido desmascarado como uma fraude mais de trinta anos antes. O público leitor, é seguro dizer, tem memória curta. 

O livro foi publicado originalmente na França, em 1894, como La vie inconnue de Jésus Christ, por um correspondente de guerra russo chamado Nicolas Notovitch. Quase imediatamente, o livro correu o mundo e foi traduzido. Em um ano, saíram oito edições em francês, com traduções para alemão, espanhol e italiano. Foram publicadas uma edição no Reino Unido e três edições distintas nos Estados Unidos. 

O livro consistia em 244 parágrafos organizados em 14 capítulos. Notovitch começa o livro explicando como o “descobriu”. Em 1887, ele presumivelmente viajava pela Índia e Caxemira, onde ouviu de lamas do Tibete histórias sobre um profeta chamado Issa, a forma árabe (aproximada) do nome Jesus. Suas viagens posteriores o levaram ao distrito de Ladak, na fronteira da Índia com o Tibete, até o famoso mosteiro budista tibetano de Hamis. Lá ele escutou novas histórias e soube que registros escritos da vida de Issa tinham sido preservados. 

Notovitch deixou o mosteiro sem saber mais. Mas, após dois dias, sofreu um grave acidente, caindo do cavalo e fraturando a perna. Ele foi carregado de volta ao mosteiro para se recuperar e, lá, fez amizade com o abade. Quando Notovitch perguntou sobre as histórias de Issa, o abade concordou em dar a ele o relato completo. Apresentou dois grossos volumes, escritos em tibetano, e começou a lê-los em voz alta para Notovitch, na presença de um tradutor que explicava o que os textos diziam enquanto Notovitch fazia anotações. 

A vida desconhecida de Jesus Cristo é a edição publicada das cuidadosas anotações feitas por Notovitch. Segundo o relato, quando Jesus tinha 13 anos, se juntou a uma caravana de mercadores rumo à Índia para estudar suas leis sagradas. Passou seis anos com os brâmanes, aprendendo seus livros sagrados, os Vedas. Mas Jesus se desencantou com o sistema de castas indiano e começou a condená-lo abertamente. Isso provocou a ira dos brâmanes, que decidiram executá-lo. 

Jesus fugiu para se juntar a uma comunidade de budistas, com a qual aprendeu o páli, a linguagem do budismo teravada, e dominou os textos budistas. A seguir, visitou a Pérsia e pregou aos zoroastristas. Enfim, aos 29 anos, dotado de todo o conhecimento sagrado do Oriente, retornou à Palestina e começou seu ministério público. A narrativa termina resumindo suas palavras e seus feitos e dando um breve relato de sua morte. A história de sua vida foi supostamente levada por mercadores judeus de volta para a Índia, onde aqueles que haviam conhecido Issa perceberam ser a mesma pessoa. Eles então escreveram o relato completo. 

Embora a narrativa de A vida desconhecida de Jesus Cristo possa parecer um romance de segunda categoria, foi publicada como um relato historicamente factual e creditada como fornecedora da chave para as perguntas que os cristãos havia muito faziam sobre os anos perdidos de Jesus. O que ele fazia? E como adquirira um conhecimento religioso tão extenso e convincente antes de dar início a seu ministério público?

Contudo, não demorou para que estudiosos interessados em fatos históricos começassem a questionar o relato e a denunciá-lo como uma fraude complexa. A história foi analisada por uma autoridade de destaque como Max Müller, o maior estudioso europeu da cultura indiana do fim do século XIX, que demonstrou que a história da “descoberta” do livro e os casos que ele contava estavam repletos de implausibilidades insuperáveis. Se aquele grande livro era um item importante do mosteiro de Hemis, por que não é encontrado em nenhum dos catálogos completos de literatura tibetana? Como é possível que os mercadores judeus que foram à Índia com histórias sobre Jesus tivessem conseguido encontrar os brâmanes que haviam conhecido Issa quando jovem — entre os milhões de pessoas na Índia? E como os antigos parceiros de Issa na Índia se deram conta de que o homem crucificado era seu ex-aluno? 

Em 1894, uma mulher inglesa que lera A vida desconhecida visitou o mosteiro de Hemis. Ela fez perguntas e descobriu que nenhum russo havia estado ali, ninguém havia convalescido de uma perna fraturada e eles não tinham livros descrevendo a vida de Issa. No ano seguinte, um acadêmico, J. Archibald Douglas, foi até lá e entrevistou o próprio abade, que o informou de que nenhum europeu com uma perna quebrada estivera no mosteiro nos 15 anos em que ele era encarregado da comunidade. Mais que isso, ele era lama havia 42 anos e conhecia bem a literatura budista. Não só nunca lera em voz alta um livro sobre Issa para um europeu ou qualquer outra pessoa, como também estava certo de que não havia, no Tibete, um livro como A vida desconhecida.

 

Outras implausibilidades internas e imprecisões na história são apresentadas por Goodspeed e Beskow. Não há hoje no planeta um único estudioso reconhecido que tenha qualquer dúvida sobre isso. Toda história foi inventada por Notovitch, que ganhou muito dinheiro e substancial notoriedade com sua fraude.

A crucificação de Jesus, por uma testemunha ocular

Um apócrifo moderno igualmente interessante é A crucificação de Jesus, por uma testemunha ocular, lida não com o começo da vida adulta de Jesus, antes de seu ministério, mas com seu fim e depois.196 O relato tem a forma de uma carta escrita em latim sete anos depois da crucificação de Jesus, de um líder da misteriosa seita judaica dos essênios de Jerusalém para outro essênio que vivia em Alexandria, no Egito. Todos os elementos sobrenaturais são retirados da descrição da vida e da morte de Jesus. Jesus é apresentado como tendo levado uma vida humana e tido uma morte humana. Mas não na cruz. Jesus sobreviveu à sua própria crucificação e viveu mais seis meses. 

O relato foi publicado originalmente em alemão, em Leipzig, em 1849. Edições inglesas, todas se dizendo autênticas, foram publicadas em 1907, 1919 e 1975. Também houve traduções para o francês e o sueco.

A carta em latim foi supostamente descoberta em um rolo de pergaminho num antigo mosteiro grego de Alexandria por um missionário que considerou sua mensagem perigosa e tentou destruí-la. Mas ela foi salva por um francês culto que traduziu o relato para o alemão. A narrativa foi levada à Alemanha pelos maçons, considerados os descendentes modernos dos essênios. 

Segundo o relato, o próprio Jesus era essênio. Quando crucificado, não expirou, de acordo com essa “testemunha ocular”. Foi tirado da cruz e revivido por José de Arimateia e Nicodemos, colegas essênios, que conheciam as artes secretas da cura preservadas pela seita. Quando as mulheres em visita ao túmulo pensaram ter visto anjos, eram monges essênios com seus hábitos brancos. As mulheres acharam que Jesus tinha sido elevado, quando, na verdade, nunca morrera. Mas ele morreu seis meses depois, dos ferimentos sofridos. 

Não foi difícil para os estudiosos desmascararem esse evangelho como outra fraude. A “testemunha ocular”, supostamente um essênio, não entendia como eram os essênios. Hoje sabemos bastante sobre esse grupo judaico graças aos manuscritos do mar Morto, que não estavam disponíveis ao falsificador, já que foram descobertos quase um século depois de ele ter produzido seu relato. Nada na história corresponde às realidades históricas do grupo. Para começar, não há como um essênio em Jerusalém ter escrito esse relato em latim, entre todas as línguas.

Há outros problemas consideráveis. O relato indica que foi escrito sete anos após a crucificação, mas menciona explicitamente, pelo nome, os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, que só foram escritos de quarenta a sessenta anos depois da morte de Jesus. Ademais, esses livros não foram conhecidos como um grupo de escritos (“os quatro evangelhos”) até o fim do século II. Enfim, a exclusão de tudo de sobrenatural do relato é uma preocupação moderna, pós-Iluminismo, e não antiga. 

Um acadêmico moderno demonstrou de onde veio essa preocupação e toda a história. Em 1936, um famoso estudioso alemão do Novo Testamento, Martin Dibelius, demonstrou que A crucificação de Jesus foi praticamente tomado, na íntegra, de uma obra hoje bastante obscura de ficção histórica escrita pelo racionalista alemão K.H. Venturini, The Natural History of the Great Prophet of Nazareth (dois volumes, 1800-1802). Também nele, Jesus é um essênio cuja vida não teve nada de sobrenatural e que, na verdade, não morreu na cruz, revivido por José de Arimateia. O autor de A crucificação de Jesus pegou a obra em dois volumes de Venturini, condensou-a em um livreto de fácil leitura e tentou vendê-lo como um relato histórico, quando era uma invenção moderna.

A sentença de morte de Jesus Cristo 

Um dos fatos mais impressionantes e, para muitos, surpreendentes sobre o século I é que não temos qualquer registro romano, de qualquer tipo, que ateste a existência de Jesus. Não temos certidão de nascimento, nenhuma referência a suas palavras ou seus prodígios, nenhum relato de seu julgamento, nenhuma descrição de sua morte — nenhuma referência a ele de qualquer modo ou forma. O nome de Jesus não é mencionado em nenhuma fonte romana do século I.197 Isso não significa, como dizem hoje com preocupante regularidade, que Jesus nunca existiu. Ele sem dúvida existiu, como quase todo estudioso competente da Antiguidade, cristão ou não, concorda, com base em evidências claras e certas. Mas, como acontece com a imensa maioria de todas as pessoas que viveram e morreram no século I, ele não aparece nos registros do povo romano. 

Por essa razão a suposta descoberta de uma cópia oficial da sentença de morte de Pilatos teve tanto impacto na Europa e nos Estados Unidos ao ser anunciada em meados do século XIX. A descoberta foi mencionada pela primeira vez no jornal francês Le Droit, na primavera de 1839. Logo foi desmascarada como fraude, mas reapareceu na Alemanha dez anos mais tarde e várias vezes em outros locais, incluindo os Estados Unidos, por muitas décadas depois. 

A sentença de morte foi supostamente descoberta em uma placa de cobre encontrada na cidade de Áquila, sul da Itália, perto de Nápoles, em 1280. Um grupo de trabalhadores escavava a terra em busca de antiguidades romanas quando descobriu um antigo vaso de mármore. Dentro, havia uma placa de cobre escrita em hebraico. Quando o texto foi traduzido, descobriu-se ser uma cópia oficial da sentença de morte de Jesus proclamada por Pôncio Pilatos. No verso, havia ordens para que a sentença fosse enviada a todas as tribos de Israel.198 

Acreditava-se que a placa tenha se perdido, mas acabou redescoberta durante a ocupação francesa do reino de Nápoles em 1806-1815. Ao ser publicada duas décadas depois, foi classificada como “o mais impressionante documento legal existente”. Nele, “Pôncio Pilatos, o governador em exercício da baixa Galileia”, declara que “Jesus de Nazaré deve sofrer a morte na cruz”. Isso teria acontecido no 17o ano do reinado do imperador Tibério (31 d.C.), em 27 de março, “na mais sagrada cidade de Jerusalém”. 

A razão da sentença de morte foi Jesus ter cometido seis crimes. Ele, um sedutor, sedicioso, inimigo da lei, falsamente chamara a si mesmo de Filho de Deus, chamara a si mesmo de rei de Israel e entrara no Templo seguido por uma multidão carregando folhas de palmeira. A sentença de morte é assinada por quatro testemunhas: Daniel Robani, Joannus Robani, Raphael Robani e “Capeto, um cidadão”.199

 

Um estudioso de primeira linha como Edgar Goodspeed não teve dificuldade em desmascarar todo o documento como uma fraude. Não fazia sentido um funcionário romano tentar justificar ao povo judeu a condenação de um criminoso ou enviar a justificativa às “tribos de Israel”, que não existiam havia muitos séculos. Pilatos, um funcionário romano, não teria escrito em hebraico, idioma que não conhecia. Pilatos não era governador da baixa Galileia, mas da Judeia. Não sendo judeu, nunca teria se referido a Jerusalém como “a mais sagrada cidade”. A data 27 de março é uma forma moderna de datação desconhecida no mundo antigo. O termo “Robani”, usado por três das testemunhas, parece ser uma forma errada de “Rabban”, que significa “mestre”; o autor provavelmente cometeu o erro porque no discurso direto, como em João 20,16, a palavra é escrita “Rabbouni”. Joannus não é um nome antigo em nenhum dos idiomas relevantes. Capeto é um nome francês. E não há palavra hebraica para “cidadão”.

Há mais problemas, mas esses são suficientes para ilustrar o caso. Quem fez esse relato produziu um trabalho bastante ruim, embora essa fraude tenha feito muito sucesso, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, por mais de um século. 

O segundo livro de Atos, há muito perdido 

Em 1904, o padre anglicano e médico Kenneth Sylvan Guthrie publicou um livro chamado Long-Lost Second Book of Acts, que, entre outras coisas, descreve os ensinamentos de Maria, a mãe de Jesus, sobre reencarnação.200 É chamado de “segundo livro” de Atos porque começa descrevendo o que aconteceu ao apóstolo Paulo após os acontecimentos narrados no livro de Atos do Novo Testamento. 

Após ter sido libertado da prisão romana mencionada em Atos 28, Paulo supostamente planejou ir para a Espanha e depois para a Bretanha. Mas, em vez disso, acaba decidindo seguir para a Palestina. Ao chegar, vai a Jerusalém, à casa do discípulo João, onde encontra Maria, a mãe de Jesus, junto com sete dos discípulos. Já uma mulher idosa, Maria reza por sua morte, e o anjo Gabriel aparece para contar que sua prece será atendida. 

Em seu leito de morte, refletindo sobre a mortalidade, Maria revela a doutrina sagrada da reencarnação. Ela mesma passara por sete encarnações; entre outras coisas, tinha sido esposa de Noé, a mulher que amara Zaratustra, aquela que amara Sidarta e depois a que amara Sócrates. 

Pouco antes de sua morte, há uma tempestade, e Maria leva os discípulos ao Monte das Oliveiras. Jesus aparece vindo do céu e a leva nos braços. Ele conta aos discípulos que também tivera várias encarnações anteriores, como Abel, Noé, Zaratustra e Sócrates. 

O livro é uma ficção tão óbvia que é difícil imaginar seu autor esperando que alguém o levasse a sério. Mas, considerando o público leitor, quem sabe. Goodspeed, pelo menos, achou que era “apenas um esforço moderno de alegar que a Virgem Maria e o próprio Jesus endossavam a doutrina da reencarnação”, e que “Guthrie, sem dúvida, imaginou um artifício tão transparente que não enganaria ninguém”.201

Outras fraudes e enganações 

Há muitos outros apócrifos modernos que tentam contar o que Jesus e aqueles ligados a ele fizeram. Um livro chamado A confissão de Pôncio Pilatos narra a história de Pilatos partindo para o exílio em Viena, onde sente um profundo remorso pelo que fez a Jesus e acaba cometendo suicídio. Entre outras coisas, esse relato se refere a uma história em que Maria Madalena presenteia o imperador romano Tibério com um ovo de Páscoa tingido de vermelho.202 Em The Gospel of the Holy Twelve, Jesus é apresentado defendendo uma posição vegetariana em oposição àqueles que matam e comem animais. Nessa narrativa criativa, Jesus não teria comido carneiro na Páscoa e alimentado as multidões com cinco pães e dois peixes, mas com cinco melões.203 

Pode-se argumentar que fraudes são criadas não só por figuras obscuras tentando oferecer relatos sensacionais de Jesus (Jesus estudou com brâmanes!) ou autenticar suas próprias visões de mundo (Jesus era vegetariano!), mas também por acadêmicos que poderiam ter suas próprias razões obscuras.

Um dos livros muito populares sobre Jesus nos anos 1960 e 1970 foi The Passover Plot: A New Interpretation of the Life and Death of Jesus, de Hugh Schonfield.204 Schonfield era um brilhante e reconhecidíssimo estudioso do antigo judaísmo, com muitas credenciais. Mas sua reconstrução histórica do que realmente aconteceu a Jesus parece mais uma produção de Hollywood do que um estudo sério. 

Em resumo, desde cedo, Jesus “sabia” que era o messias, então manipulara os acontecimentos durante seu ministério público para fazer com que parecesse estar cumprindo a profecia. Ele em especial tramara com seus discípulos simular a própria morte pelos pecados dos outros. Combinou para ser drogado na cruz (quando recebeu bílis e vinagre, foi o remédio) para que seus sinais vitais ficassem mais fracos e ele parecesse morto. Então seria revivido e pareceria erguido dentre os mortos. Mas a trama fracassou. Jesus não contara com um soldado romano acertando a lateral de seu corpo na cruz com uma lança. Ele reviveu brevemente e foi removido do túmulo, como combinado com outros conspiradores (não os discípulos). Ele morreu dos ferimentos pouco depois e foi enterrado de novo em outro local. Os discípulos, porém, encontraram o túmulo vazio e pensaram equivocadamente ter visto Jesus vivo depois. Então proclamaram que tinha sido erguido dentre os mortos. E assim começou o cristianismo. 

The Passover Plot não é uma falsificação. O autor do relato, que escreve em seu próprio nome, é um historiador sério e deixa seus leitores saberem disso. E não é uma invenção, já que alega basear seu relato em pesquisa histórica. Ademais, ele o apresenta como um estudo histórico. Mas, por mais criativa que seja, a principal premissa do relato é inventada; não há verdade histórica nela. 

Como um último exemplo, eu poderia de novo mencionar o caso envolvendo um dos estudiosos dos primórdios do cristianismo, ilustre do século XX, o professor de Colúmbia Morton Smith. Smith alegou ter descoberto uma versão alternativa perdida do Evangelho de Marcos. O relato da descoberta apareceu em dois livros que Smith publicou em 1973: um deles, uma narrativa ao estilo policial para um público leigo, e o outro, uma monografia de pesquisa erudita e difícil para acadêmicos.205 Nelas Smith afirmava que em 1958, em visita a um mosteiro perto de Jerusalém, descobrira uma cópia feita à mão de uma carta em grego de um pai da Igreja do século II, Clemente de Alexandria, na qual ele alegava que o autor de Marcos publicara uma segunda edição de seu evangelho. Esse “evangelho secreto”, como passou a ser conhecido, incluía duas histórias não encontradas em Marcos, histórias que parecem misteriosas e estranhas, sobre Jesus e sua relação com um jovem que erguera dentre os mortos.

Smith argumentava que essa relação era homossexual e que isso oferecia evidências de que Jesus se entregara a atividades sexuais com os homens nus que batizara durante seu ministério. Desnecessário dizer que os livros de Smith causaram bastante agitação. Seu livro acadêmico oferecia evidências sérias de que aquela era realmente uma carta de Clemente de Alexandria, e que Clemente tinha conhecimento de tal evangelho. Mas, desde a morte de Smith, em 1991, surgiram vários estudiosos argumentando que a carta não é autêntica, tendo sido falsificada por ninguém menos que o próprio Smith. Foram publicados recentemente dois livros sobre o assunto, ambos chegando à mesma conclusão, mas com argumentos diferentes.206 Outros estudiosos, incluindo aqueles que conheciam bem Smith, não pensam assim, e o debate continua.207 

FALSIFICAÇÕES, MENTIRAS E ENGODOS CRISTÃOS 

Essa questão das fraudes modernas me traz de volta a uma pergunta que fiz repetidamente em meu estudo de falsificações: “Quem faria tal coisa?” Espero que agora concordem com minha resposta anterior: “Muita gente.” E por muitas razões. E não apenas pessoas modernas. Temos casos de falsificações cristãs não só hoje, mas também na Idade Média, no fim da Antiguidade e na época do Novo Testamento. Do século I ao século XXI, pessoas que se diziam cristãs acharam adequado inventar, falsificar e forjar documentos, na maioria dos casos, para autorizar pontos de vista que desejavam que os outros aceitassem. 

Meu interesse particular neste livro são as falsificações da Igreja cristã inicial. Ninguém duvida que houve muitas delas. Hoje temos apenas uma fração daquelas produzidas na Antiguidade, pois a maioria foi perdida ou destruída. Mas o que temos é mais que suficiente para nos dar uma noção do peso que tinha a prática da falsificação. Temos numerosos evangelhos, epístolas, tratados e apocalipses atribuídos a pessoas que não os escreveram. Os autores que chamaram a si mesmos de Pedro, Paulo, Tiago, Filipe, Tomé ou — escolha um nome! — sabiam muito bem que não eram essas pessoas. Mentiram sobre isso para enganar seus leitores e fazê-los pensar que eram figuras com autoridade. 

Alguns desses escritos chegaram à Bíblia. Há epístolas do Novo Testamento atribuídas a Pedro e Paulo, por exemplo, e Tiago e Judas. Mas esses livros foram escritos por outros autores desconhecidos, que viveram depois que os próprios apóstolos haviam morrido. Quando os verdadeiros autores desses livros alegavam serem apóstolos, estavam conscientemente envolvidos em fraude. Essa prática era muito citada no mundo antigo e, quase sempre, condenada como mentira, ilegítima e um erro. Mas os autores o faziam do qualquer forma. 

Não estou dizendo que os autores que participavam dessa atividade estavam necessariamente violando o que suas consciências determinavam. Não temos como saber o que pensavam deles mesmos ou o que faziam. Sabemos apenas que quando os antigos falavam sobre a prática, não diziam coisas positivas sobre ela. Livros falsificados eram chamados de falsos e ilegítimos.

Todavia, é possível imaginar que os próprios autores não pensassem assim. Sempre que temos um registro daqueles que foram flagrados no ato, eles tentam justificar o que fizeram. O autor do século 

II   que inventou a história de Paulo e Tecla, mencionada antes, alegou tê-lo feito por “amor a Paulo”. O falsificador do século V, Salviano de Marselha, alegou ter pensado que ninguém acreditaria quando chamou a si mesmo de Timóteo e que não quis causar nenhum mal com isso. E, afinal, ninguém levaria a sério um livro escrito por Salviano, ao passo que um livro de Timóteo poderia ser bastante lido (ver capítulo 1). 

É   possível que muitos dos autores cujos trabalhos estudamos, integrando o Novo Testamento ou não, se sentissem justificados no que faziam. Caso positivo, estavam aceitando uma antiga visão, sustentada por muitas pessoas ainda hoje, de que mentir é a coisa certa a fazer em alguns casos (como mencionado no capítulo 1). No mundo antigo, essa visão era baseada na ideia de que podia existir algo como uma “mentira nobre”, uma mentira que servia a uma causa nobre. Se um médico precisa mentir a um paciente para fazê-lo tomar o remédio necessário, essa pode ser uma boa forma de enganar. Se um comandante em chefe precisa mentir a seus soldados, dizendo que os reforços estão prestes a chegar para inspirá-los a lutar com mais coragem, essa pode ser uma coisa boa. Algumas mentiras são nobres. 

Outros autores cristãos, sobretudo Agostinho, adotaram a posição oposta, argumentando que, em todas as suas formas, mentir era ruim. Muito ruim. Não era algo a se fazer, não importando por quê. Para Agostinho, mesmo se uma mentira pudesse garantir que sua filha pequena não passasse a eternidade no fogo do inferno, e sim desfrutando do êxtase eterno do céu, isso não era suficiente para justificar a mentira. Você nunca deve mentir, ponto final. 

A maioria dos antigos cristãos provavelmente discordava de Agostinho, motivo pelo qual ele teve de defender sua tese com tanta veemência. E a maioria das pessoas hoje provavelmente também discorda. A maioria de nós considera a mentira algo complicado. Especialistas em ética, filósofos e acadêmicos religiosos discordam, mesmo hoje, sobre quando mentir é adequado e quando não é.208 No fim, essa é uma questão que cabe a cada um de nós, e todos precisamos resolver sozinhos, com base em nossas circunstâncias e nas situações específicas nas quais nos encontramos. Talvez, algumas vezes, não haja problema em mentir. 

Talvez não haja problema em pais mentirem a seus filhos sobre suas próprias crenças religiosas, dizendo a eles que Deus existe, embora não pensem assim. Talvez não haja problema em um cônjuge mentir para o outro sobre um caso extramarital, caso isso o impeça de passar por grande aflição e dor. Talvez não haja problema em mentir a um pai sobre o prognóstico após uma cirurgia se isso impedir o parente amado de se preocupar em morrer antes da hora. Talvez não haja problema em líderes da Igreja mentirem a suas congregações sobre suas crenças pessoais ou seu passado menos que perfeito caso precisem ser vistos como líderes respeitados e sólidos da comunidade. Talvez não haja problema em funcionários eleitos mentirem sobre orçamentos ou déficits, carências ou sucessos, possíveis resultados de políticas, informações sobre o exterior ou os resultados conhecidos da guerra — se os fins forem suficientemente importantes para exigir mentiras em vez da verdade.

E, se mentir é justificado em certos casos, que razão melhor para mentir do que fazer as pessoas compreenderem e acreditarem na verdade? O que faria mais sentido do que escrever um livro incorporando uma mentira sobre uma questão relativamente insignificante (quem de fato escreveu isto) para conseguir o que realmente importa (proclamar a verdade)? 

Por outro lado, talvez os autores que falsificaram esses textos estivessem errados. Talvez não devessem ter tentado enganar seus leitores. Talvez seja sempre melhor contar a verdade, defender a verdade, estar disposto a aceitar as consequências da verdade, mesmo que você prefira as consequências de contar a mentira. 

Talvez as crianças tenham o direito de saber no que os pais honestamente acreditam. Talvez seja melhor o cônjuge contar ao parceiro sobre um caso extramarital, se a alternativa é levar uma vida de enganação e desconfiança. Talvez um pai moribundo (ou avô, irmão, qualquer um) tenha o direito de saber que a morte é iminente para poder se preparar para o inevitável. Talvez seja melhor os líderes da Igreja não desencaminharem seu povo, mas contar a eles o que honestamente sabem ser verdade (por exemplo, sobre as finanças da Igreja ou seu próprio passado de pecado) ou no que honestamente acreditam (por exemplo, sobre Deus ou a Bíblia). Talvez seja melhor nossos funcionários eleitos nos contarem a verdade, em vez de nos desorientar para terem autorização para fazer o que querem desesperadamente, internamente ou em solo estrangeiro. Talvez, no geral, a verdade seja melhor que mentir. 

Para ser exato, a maioria das pessoas, na maioria das circunstâncias, presente, passado e passado muito distante, se dá conta de que há momentos em que pode ser certo e bom mentir se, por exemplo, isso pode salvar uma vida ou poupar alguém de mal físico. Mas a realidade é que a maioria de nossas mentiras não tem tanto peso. Sem dúvida, as mentiras inventadas pelos falsificadores de antigos textos cristãos não foram contadas para proteger vida e corpo. Foram contadas para enganar os leitores, levando-os a pensar que os autores desses livros eram figuras estabelecidas com autoridade. Se esses textos foram produzidos por autoridades confiáveis, o que eles tinham a dizer acerca de em que acreditar e como viver tinha de ser verdade. Ensinamentos verdadeiros foram baseados em mentiras.

 

Ao mesmo tempo, os autores dessas mentiras, sem dúvida, eram como quase todas as outras pessoas do mundo, antigo e moderno; também provavelmente não queriam ouvir mentiras nem ser enganadas. Mas por suas próprias razões, sentiram-se compelidas a mentir e enganar os outros. Nesse sentido, elas não seguiram um dos princípios fundamentais da tradição cristã, ensinado pelo próprio Jesus, de que se deve “fazer aos outros o que gostaria que fizessem a você”. Possivelmente sentiram que, nas circunstâncias, a regra de ouro não se aplicava. Caso positivo, isso sem dúvida explica por que tantos dos escritos do Novo Testamento são atribuídos a apóstolos quando não foram escritos por eles. 

PRODUÇÃO 

Adriana Torres 

Ana Carla Sousa 

PRODUÇÃO EDITORIAL 

Luana Luz 

Pedro Staite 

PREPARAÇÃO DE TEXTO 

Luana Medina 

REVISÃO

Bernardo Barbosa

Frederico Hartje 

INDEXAÇÃO 

Marília Lamas 

DIAGRAMAÇÃO 

Filigrana 

Notas

 1                Apresento aqui apenas as visões “ortodoxas” que acabaram vencendo as primeiras batalhas cristãs acerca de em que acreditar. Havia muitos cristãos com outros pontos de vista, como veremos mais à frente. Para outros esclarecimentos, ver meu livro Lost Christianities: The Battle for Scripture and the Faiths We Never Knew (Nova York: Oxford University Press, 2003). No Brasil, Evangelhos perdidos: as batalhas pela escritura e os cristianismos que não chegamos a conhecer (Rio de Janeiro: Record, 2008).

 

2                Daí, por exemplo, Irineu, Contra as heresias 3.2-4; 4.26. Ver também Tertuliano, Prescrição contra heresias.

 

3                Por isso há na Antiguidade cristã uma ligação tão íntima entre o conteúdo de um escrito e sua alegação de autoria, como veremos. Acreditava-se que, se um escrito disseminava “falsos ensinamentos”, ele com certeza não poderia ter sido produzido por uma autoridade estabelecida. Em outras palavras, a decisão sobre quem era o autor de uma obra (um apóstolo?) em geral era tomada com base na possibilidade de os ensinamentos na obra serem aceitáveis. Ver a discussão sobre o Evangelho de Pedro no capítulo 2.

 

4                A discussão erudita sobre os diários de Hitler, contada com elegância e detalhes precisos, está em Robert Harris, Selling Hitler (Nova York: Viking Penguin, 1986).

 

5                Para um relato fascinante de um dos mais capazes especialistas em falsificações dos tempos modernos, ver Charles Hamilton, Great Forgers and Famous Fakes: The Manuscript Forgers of America and How They Duped the Experts, 2a ed. (Lakewood: Glenbridge, 1996).

6                O caso é contado pelo historiador grego Diógenes Laércio em seu Vidas dos filósofos (5.92-93).

7                Para uma coletânea de alguns dos mais interessantes, ver Bart D. Ehrman, Lost Scriptures: Books That

 

Did Not Make It Into the New Testament (Nova York: Oxford University Press, 2003). Para uma

 

coletânea mais abrangente, ver J.K. Elliott, The Apocryphal New Testament (Oxford: Clarendon, 1993).

8                Tertuliano, Sobre o batismo 17. Ver também o debate sobre ficções antigas sobre Paulo no capítulo 3.

9                Minha própria contagem.

 

10            Como veremos no capítulo 3, alguns estudiosos sustentaram que o escrito supostamente forjado ao qual o autor de 2 Tessalonicenses se refere é nada menos que 1 Tessalonicenses!

 

11            Eusébio, História da Igreja 7.25.

 

12              Jerônimo, As vidas de homens famosos 4.

 

13            Dídimo, o Cego, Comentários sobre as epístolas católicas (nunca traduzido para o inglês) em Migne, Patrologia Graeca 39, 1774.

14            Clemente de Alexandria, Miscelâneas 2.52.6.


15            Isso  foi dito  recentemente  em  Clare  Rothschild, Hebrews  as  Pseudepigraphon:  The  History  and

 

Significance of the Pauline Attribution of Hebrews (Tubingen: Mohr Siebeck, 2009).

 

16            Contudo, pode haver alguma dúvida em relação a Xenofonte. O filósofo grego Plutarco sustentou que Xenofonte usou o nome fantasia exatamente para dar maior credibilidade ao seu relato, fazendo com que fosse escrito por uma pessoa de fora, em vez de escrever ele mesmo em primeira pessoa. Caso seja assim, é um nome fantasia “com um algo a mais”.

 

17            Sobre as razões para pensar que o Evangelho de Mateus não foi escrito pelo discípulo Mateus, ver o capítulo 7 e, com maior profundidade, John Meier, “Matthews, Gospel of”, Anchor Bible Dictionary (Nova York: Doubleday, 1992), 4.618-41.

 

18            Galeno, Comentário sobre a natureza do homem, de Hipócrates 1.42.

 

19            Smith escreveu dois livros sobre a descoberta e sua importância para a compreensão do cristianismo inicial e o Jesus histórico; um deles, uma intrigante história de detetives para o grande público, The Secret Gospel: The Discovery and Interpretation of the Secret Gospel of Mark (Nova York: Harper & Row, 1973); e o outro, uma análise densa para estudiosos, Clement of Alexandria and a Secret Gospel of Mark (Cambridge: Harvard University Press, 1973). Contudo, nos últimos anos, surgiram várias publicações argumentando que, na verdade, Smith falsificara o documento. Ver sobretudo Stephen Carlson, The Gospel Hoax: Morton Smith’s Invention of Secret Mark (Waco: Baylor University Press, 2005); e Peter Jeffries, The Secret Gospel of Mark Unveiled: Imagined Rituals of Sex, Death, and Madness in a Biblical Forgery (New Haven: Yale University Press, 2007). Ver também minha discussão no capítulo 8.

 

20            Josefo, Guerras judaicas 1.26.3; tradução para o inglês por William Whiston, The Works of Josephus (Grand Rapids: Baker, 1979).

 

21            Ver Wolfgang Speyer, Die literarische Fälschung im heidnischen und christlichen Altertum (Munique: Beck, 1971), p. 145.

 

22            Para uma tradução para o inglês, ver R.J.J. Schutt, “Letter of Aristeas”, em James Charlesworth (org.), The Old Testament Pseudepigrapha, 2 vols. (Nova York: Doubleday, 1985), 2,7-34.

 

23            Marcial, Epigramas 7.12; 7.72; 10.3; 10.33. Não estou dizendo que nesse ou em qualquer dos outros casos mencionados sabemos de fato as verdadeiras motivações do falsificador. O que sabemos é que Marcial entendia assim suas motivações.

 

24            Diógenes Laércio, Vidas dos filósofos 10.3.

 

25              Pausânias, Descrição da Grécia 6.18.5.

 

26            O livro do Apocalipse do Novo Testamento, escrito por um João desconhecido, é uma exceção muito rara.

 

27             Uma das discussões mais interessantes está nos escritos do pai da Igreja, Tertuliano, que perguntou como o livro de Enoque, escrito pela famosa figura homônima — um homem que nunca morreu, tendo sido elevado aos céus quando ainda vivia sete gerações após Adão —, poderia ter sobrevivido até seus dias, os de Tertuliano. Se houve um dilúvio mundial depois da época de Enoque, nos dias de Noé, o livro não teria desaparecido? Tertuliano se dá ao trabalho de explicar como poderia ter sobrevivido ao dilúvio. Por que Tertuliano tem o trabalho de explicar isso? Porque acreditava que tinha sido escrito por Enoque. Tertuliano não era um idiota — longe disso. Era um dos verdadeiros intelectuais do século III cristão. É anacrônico os estudiosos modernos pensarem que os antigos teriam compreendido a verdadeira natureza do artifício da falsificação apocalíptica e reconhecido que os livros produzidos obedeciam às exigências do gênero.

 

28            Porfírio, Isagoge pr. I.


29            Para a carta e uma ampla discussão sobre ela, ver A.E. Haefner, “A Unique Source for the Study of Ancient Pseudonymity”, Anglican Theological Review 16 (1934): 8-15.

 

30            Estudiosos que lidam com pseudoepigrafias cristãs quase sempre alegam que o autor do chamado Atos de Paulo (ou Atos de Paulo e Tecla) foi apanhado e punido. Isso é verdade, mas seu crime não foi cometer falsificação. Como destaco no capítulo 3 com mais detalhes, Atos de Paulo não é um livro atribuído a Paulo; é um relato verdadeiro sobre Paulo. O autor foi punido não por mentir sobre sua identidade, mas por inventar um relato fictício e tentar empurrá-lo como um registro histórico.

 

31            Anthony Grafton, Forgers and Critics: Creativity and Duplicity in Western Scholarship (Princeton: Princeton University Press, 1990),

 

32            Ver  Raffaella  Cribbiore,  Gymnastics  of  the  Mind:  Greek  Education  in  Hellenistic  and  Roman

 

Egypt (Princeton: Princeton University Press, 2001).

 

33            No capítulo 4, abordo outras explicações que também tentam purificar a prática, incluindo a alegação de que aparentes falsificações podem ser explicadas por autores terem usado secretários que empregaram um estilo de redação distinto e alteraram o conteúdo do que os autores queriam dizer.

 

34            Além disso, alguns autores antigos descreveram a redação de obras em nome de outra pessoa com os equivalentes grego e latino de nossos verbos “fazer” (como em “criar”, “falsificar”) ou “conceber” (isto é, “inventar”).

 

35            O exame mais completo tem hoje quarenta anos, mas nunca foi igualado, muito menos superado. Infelizmente, a maioria dos estudiosos do Novo Testamento nunca o leu — Speyer, Die literarische Fälschung im heidnischen und christlichen Altertum. Também valioso, embora consideravelmente menos completo, é Norbert Brox, Falsche Verfasserangabe: Zur Erklärung der fruhchristlichen Pseudoepigraphie (Stuttgart: KBW, 1975). A maioria das obras sobre falsificação nos primórdios do cristianismo se concentra na possibilidade de os escritos pseudoepigráficos terem sido incluídos no Novo Testamento. A obra mais recente nesse sentido é Armin Baum, Pseudepigraphie und literarische Fälschung im fruben Christentum (Tubingen: Mohr Siebeck, 2001). Juntos, esses autores dão um panorama completo de todas as fontes antigas sobre falsificação. E todos concordam com o fato de que os falsificadores pretendiam enganar seus leitores.

 

36            Heródoto, História 7.6.

 

37              Plutarco, O oráculo de Delfos 407B.

 

38              Ateneu, O banquete 13.611B.

 

39            Speyer, Die literarische Fälschung, p. 3, tradução minha para o inglês [na qual se baseou a tradução desta edição].

40            Aristóteles, Ética de Nicomaqueu 4.7.

 

41              Xenofonte, Memorablia 4.2.14-18.

 

42              Platão, A república 382C; 389B; Heliodoro, Etiópica I.26.6.

 

43            O estudo mais completo e mais convincente do ponto de vista de Agostinho sobre a mentira é David J. Griffiths, Lying: An Augustinian Theology of Duplicity (Grand Rapids, MI: Brazos, 2004).

 

44            Orígenes em seu livro perdido Miscelâneas, discutido por Jerônimo em Contra Rufino 1.18; Clemente, Miscelâneas 7, 9, 53, 1-45.

 

45            No relato mais completo da história, o pai de George sente tanto orgulho do filho por falar a verdade enfrentando possível adversidade que o toma nos braços e o louva aos céus.

 

46            Há vários livros interessantes sobre mentira para o grande público. Um dos mais influentes é Sissela Bok, Lying: Moral Choice in Public and Private Life, 3a ed. (Nova York: Vintage, 1999).


47            Sobre a mentira na Antiguidade, ver a coletânea de ensaios em Christopher Gill e T.P. Wiseman (orgs.), Lies and Fiction in the Ancient World (Austin: University of Texas Press, 1993).

 

48            As exceções podem ser alguns tipos de fantasia e ficção científica, mas a plausibilidade é um elemento importante; romances pós-modernos, previsivelmente, são outro problema.

 

49            Políbio, Histories 2.56.10-12; tradução para o inglês W.R. Paton, Loeb Classical Library (Nova York: Putnam, 1922).

 

50            Para traduções para o inglês dessas histórias, conhecidas como Atos de Pedro, ver J.K. Elliot, The Apocryphal New Testament (Oxford: Clarendon, 1993), pp. 390-30; e Wilhelm Schneemelcher, New Testament Apocrypha, tradução para o inglês por R. McL. Wilson, da sexta edição alemã, 2 vols. (Louisville: Westminster John Knox, 1991-92), 2.271-321.

 

51            Eusébio, História da Igreja, 6.12.

 

52              Para uma tradução para o inglês, ver Bart D. Ehrman e Zlatko Plese, Apocryphal Gospels: Texts and

 

Translations (Nova York: Oxford University Press, 2010).

 

53            Há um debate entre os estudiosos sobre quem é o “malfeitor”, o punido por não ter suas pernas quebradas ou Jesus. Tendo a pensar no primeiro, já que não faria muito sentido imaginar que os soldados sentissem raiva de Jesus por algo que o outro sujeito disse.

 

54            Alguns estudiosos argumentaram que esses versículos não são de fato docéticos. Não estou dizendo aqui que o autor pretendeu que eles fossem lidos doceticamente. Só estou dizendo que um leitor hostil como Serapião poderia muito bem pensar que tinham uma leitura docética, mesmo não sendo.

 

55            Observem mais uma vez a relação de um “autor” com uma “autoridade”, e vice-versa. Do ponto de vista de Serapião, um relato falso como o Evangelho de Pedro não poderia ter sido escrito por uma autoridade como Pedro. Portanto, o livro era pseudoepigráfico, escrito “sob um nome falso”, por outra pessoa.

 

56            Para traduções para o inglês, ver Wilhelm Schneemelcher, New Testament Apocrypha, tradução para o inglês por R. McL. Wilson da sexta edição alemã, 2 vols. (Louisville: Westminster John Knox, 1991-92), 2:493-94. Tirei minhas citações daí.

 

57            Mas não nos escritos do próprio Paulo. Ver a discussão sobre Gl 2,11-14 na seção sobre a Epístola de Pedro não canônica no capítulo 6.

 

58             Abordo a questão para o público geral em meu livro Lost Christianities: The Battles for Scripture and the

 

Faiths We Never Knew (Nova York: Oxford University Press, 2003). Para um estudo mais completo e

 

denso, ver Harry Gamble, The New Testament Canon: Its Making and Meaning (Filadélfia: Fortress, 1985).

 

Para um relato com grande autoridade, ver Bruce Metzger, The Canon of the New Testament: Its Origin,

 

Development, and Significance (Nova York: Oxford University Press, 1987).

 

59            Traduções para o inglês podem ser encontradas em Elliott, Apocryphal New Testament, pp. 593-612; e Schneemelcher, New Testament Apocrypha, 2:620-38.

 

60            Eusébio classifica o Apocalipse de Pedro entre os notha — os escritos falsificados, “bastardos” —, e não entre os livros que aceita como canônicos. Mas o fato de que tem de mencionar o livro nesse contexto sugere que havia outros cristãos sustentando que deveria ser aceito como Escritura, como a maioria dos outros livros que ele classificou como notha, entre os quais Didache, a Epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas. O Apocalipse de Pedro também é aceito como canônico (provisoriamente) no Cânone Muratori do século II, um documento que abordo no capítulo 3.

 

61            Para uma discussão sobre o livro, incluindo evidências de que não foi escrito por Pedro, ver J.H. Elliott, “Peter, First Epistle of”, Anchor Bible Dictionary (Nova York: Doubleday, 1992), 5:269-78.


62            Claro que Jesus falaria aramaico. A palavra aramaica para “rocha” é Kephas, e é como o nome de Pedro aparece quando em sua forma aramaica. Não estou dizendo que acho que o relato em Mateus é historicamente preciso ao descrever Pedro como a “rocha” da Igreja, mas acho provável que Jesus tivesse rebatizado Simão de “a Rocha” durante seu ministério público.

 

63            Não se deve objetar que Pedro, na verdade, não viu a crucificação de Jesus e, portanto, não foi uma “testemunha” de seus sofrimentos. Quem escreveu esse livro provavelmente não tinha os evangelhos para ler; não temos como saber o que ele pensava do envolvimento de Pedro nas últimas horas de Jesus.

 

64            Para uma discussão sobre o livro, incluindo evidências de que não foi escrito por Pedro, ver J.H. Elliott, “Peter, First Epistle of”, Anchor Bible Dictionary (Nova York: Doubleday, 1992), 5:282-87.

 

65            Simeão parece ser a forma hebraica de “Simão”. O enigma é por que o autor mistura hebraico (Simeão, em vez de Simão) com grego (Pedro, em vez do aramaico Kephas).

 

66            O próprio Paulo não pensava escrever “Escritura”. Ele estava escrevendo cartas pessoais a suas igrejas. Também eles trataram esses escritos, ao recebê-los, como correspondência pessoal. Apenas mais tarde, após a morte de Paulo, diferentes igrejas e indivíduos reuniram essas cartas e começaram a vê-las como Escritura. Para comentários perspicazes sobre as primeiras coletâneas das cartas de Pedro, ver Harry Gamble, Books and Readers in the Early Church (New Haven: Yale University Press, 1993), pp. 58-65.

 

67            Há outras razões para supor que Pedro não escreveu essa carta. Em 3,2 o autor se trai e se refere a “seus apóstolos”, como se não fosse um deles. Ademais, o autor usa o livro de Judas, então teria de ter escrito depois daquela carta falsificada. E ele conhece 1 Pedro (já que se refere a esse livro como sua “segunda” carta), o que, como argumentarei mais longamente agora, também não poderia ser de Pedro, mas escrita posteriormente, no mínimo depois da queda de Jerusalém no ano 70.

 

68            William Harris, Ancient Literacy (Cambridge: Harvard University Press, 1989).

 

69            Entre os muitos excelentes estudos sobre antigos sistemas de ensino, ver especialmente o de Raffaella Cribbiore, Gymnastics of the Mind: Greek Education in Hellenistic and Roman Egypt (Princeton: Princeton University Press, 2001).

 

70            Catherine Hezser, Literacy in Roman Palestine (Tubingen: Mohr Siebeck, 2001).

 

71            Mark Chancey, The Myth of a Gentile Galilee (Cambridge: Cambridge University Press, 2002); ver também seu estudo mais recente, Greco-Roman Culture and the Galilee of Jesus (Cambridge: Cambridge University Press, 2005).

 

72            Jonathan Reed, Archaeology and the Galilean Jesus (Harrisburg: Trinity Press International, 2000), pp. 140-69.

 

73            A famosa sinagoga que os turistas veem hoje no local foi construída séculos depois.

 

74            Para uma tradução para o inglês, ver J.K. Elliot, The Apocryphal New Testament (Oxford: Clarendon, 1993), pp. 350-89; e Wilhelm Schneemelcher, New Testament Apocrypha, tradução para o inglês por R. McL. Wilson, da sexta edição alemã, 2 vols. (Louisville: Westminster John Knox, 1991-92), 2.213-70.

 

75            Para um relato completo das tradições de Tecla, ver Stephen Davis, The Cult of Saint Thecla: A

 

Tradition of Women’s Piety in Late Antiquity (Nova York: Oxford University Press, 2001).

76            Tertuliano, Sobre o batismo 17.

 

77


O estudo clássico de Marcião, que ainda merece ser lido hoje, foi publicado pelo grande acadêmico alemão Adolf von Harnack em 1924; ele foi parcialmente traduzido para o inglês por John E. Steely e Lyle D. Bierma como Marcion: The Gospel of the Alien God (Durham: Labyrinth, 1990). A visão mais recente é de Haikki Raïsänen, “Marcion”, em Antti Marjanen e Petri Luomanen (orgs.), A Companion to Second-Century Christian “Heretics” (Leiden: Brill, 2008), pp. 100-24.

 

78            Para uma tradução para o inglês, ver Bruce M. Metzger, The Canon of the New Testament (Nova York: Oxford University Press, 1987), pp. 305-07. Alguns estudiosos datam o Cânone Muratori do século IV, mas essa ideia não se mostrou convincente para a maioria.

 

79            Para uma tradução para o inglês, ver Elliott, Apocryphal New Testament, pp. 380-82; e Schneemelcher, New Testament Apocrypha, 2:254-57.

 

80            Benjamin White, “Reclaiming Paul? Reconfiguration as Reclamation in 2 Corinthians”, Journal of Early Christian Studies 17 (2009): 497-523.

 

81             Para uma tradução para o inglês, ver Elliott, Apocryphal New Testament, pp. 547-52; e Schneemelcher, New Testament Apocrypha, 2:46-52. Minhas citações aqui seguem a tradução de Schneemelcher.

 

82            Para uma descrição mais completa do gnosticismo, ver capítulo 6.

 

83            A literatura acadêmica sobre as epístolas pastorais é tão grande que é difícil saber o que indicar aos leitores interessados nos argumentos básicos sobre sua autenticidade. Possivelmente, é melhor começar com Jerome D. Quinn, “Timothy and Titus, Epistles to”, Anchor Bible Dictionary, David Noel Friedman (org.) (Nova York: Doubleday, 1992), 6:560-71. Como é verdade para tudo o que discuto neste livro — como é verdade para praticamente qualquer coisa sobre o que qualquer acadêmico bíblico fala —, há diferenças de opinião mesmo aqui. Para um representante da visão minoritária de que Paulo foi o autor das epístolas pastorais, ver a animada discussão na introdução de Luke Timothy Johnson, The First and Second Letters to Timothy (Nova York: Doubleday, 2001).

 

84            Por exemplo, Michael Prior, Paul the Letter Writer in the Second Letter to Timothy (Sheffield: Sheffield University Press, 1989).

 

85            Entre outras coisas, isso significa que se qualquer dessas cartas é falsificada, todas são.

 

86              A.N. Harrison, The Problem of the Pastoral Epistles (Oxford: Oxford University Press, 1921).

 

87             Esse é o caso mesmo com estudiosos interessados em argumentar que Paulo escreveu as epístolas. Um dos estudos mais recentes é Armin Baum, “Semantic Variation Within the Corpus Paulinum: Linguistic Considerations Concerning the Richer Vocabulary of the Pastoral Epistles”, Tyndale Bulletin 59 (2008): 271-92. Baum destaca que, nas outras epístolas de Paulo, o menor número total de palavras encontrado em uma carta significa que há menos palavras diferentes empregadas. Mas não nas epístolas pastorais, que têm menos palavras que muitas das cartas de Paulo, porém mais palavras diferentes. Baum, contudo, continua querendo pensar que esses livros foram escritos por Paulo, então se sai com uma explicação que talvez pareça um caso de pedido especial. No seu ponto de vista, Paulo dedicou mais consideração e tempo a essas epístolas que a outras, já que as redigia por escrito, em vez de oralmente. Isso me parece altamente improvável. Paulo sem dúvida dedicou muito tempo e esforço à redação de epístolas como Romanos e Gálatas. Ademais, Baum não cita qualquer evidência sugerindo que as pastorais foram redigidas por escrito por Paulo em vez de ditadas, por Paulo ou qualquer outro.

 

88            Infelizmente o artigo está disponível apenas em alemão: Norbert Brox, “Zu den persönlichen Notizen

 

der Pastoralbriefe”, Biblische Zeitschrift 13 (1969): 76:94.

89            Dennis  Ronald  MacDonald,  The  Legend  and  the  Apostle:  The  Battle  for  Paul  in  Story  and

 

Canon (Filadélfia: Westminster, 1983).


90            Mais uma vez, os estudos acadêmicos sobre o tema são volumosos. Um bom começo é Edgar Krenz, “Thessalonians, First and Second Epistles to the”, Anchor Bible Dictionary (Nova York: Doubleday, 1992), 6:515-23.

 

91            F.F. Bruce, Paul: Apostle of the Heart Set Free (Grand Rapids: Eerdmans, 1977).

 

92            J. Christiaan Beker, Paul the Apostle: The Triumph of God in Life and Thought (Filadélfia: Fortress, 1980).

 

93            Ver J.  Christiaan Beker, Heirs of Paul: Paul’s Legacy in the New Testament and in the Church

 

Today (Mineápolis: Fortress, 1991).

 

94            Ver Victor Paul Furnish, “Ephesians, Epistle to”, Anchor Bible Dictionary (Nova York: Doubleday, 1992), 2:535-42.

 

95            Ver ibid., 1:1090-96.

 

96              Infelizmente, o livro nunca foi traduzido para o inglês: Walter Bujard, Stilanalytsche Untersuchungen

 

zum Kolosserbrief: Als Beitrag zur Methodik von Sprachvergleichen (Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1973).

 

97            Na época, não me ocorreu que o autor de 2 Timóteo estaria falando apenas das Escrituras que ele conhecia, o “Antigo Testamento”, e que essa doutrina de inspiração poderia não ter coincidido com minha própria visão de que a Bíblia não tinha erros, uma visão que na verdade só passou a existir nos tempos modernos.

 

98            Uma exceção parcial pode ser o ponto de vista do acadêmico evangélico Donald Guthrie, que tenta argumentar com base histórica, não dogmática, que não pode haver falsificações no Novo Testamento; ver seu “The Development of the Idea of Canonical Pseudipigrapha in New Testament Criticism”, Vox Evangelica 1 (1962): 43-59.

 

99            Esses pontos de vista de Daniel e Eclesiastes são quase unanimemente sustentados pelos estudiosos críticos de hoje. Para uma discussão introdutória, ver dois dos principais livros sobre a Bíblia hebraica utilizados em todas as universidades americanas hoje: John J. Collins, Introduction to the Hebrew Bible (Mineápolis: Fortress, 2004); e Michael Coogan, The Old Testament: A Historical and Literary Introduction to the Hebrew Scriptures (Nova York: Oxford University Press, 2006).

 

100       Outra abordagem é reconhecer que falsas alegações de autoria de fato constituem falsificação —

 

mentiras com a intenção de enganar —, mas insistir em que a Bíblia não deveria ter tais livros. Essa é a alegação de um dos mais recentes estudiosos de falsificação oriundo da Alemanha, Armin Baum, que pensa que sendo possível mostrar que um livro realmente é falsificado, ele deveria ser removido do Novo Testamento (implícito em seu livro Pseudepigraphie und literarische Fälschung im fruhen Christentum [Tubingen: Mohr Siebeck, 2001] e confirmado em correspondência particular). Como se pode imaginar, considerando-se esse ponto de vista, Baum reluta em considerar falsificações nos demais livros do Novo Testamento. Mas está disposto a admitir, por exemplo, assim como a imensa maioria dos estudiosos, que 2 Pedro é.

101       A.N. Harrison, The Problem of the Pastoral Epistles (Oxford: Oxford University Press 1921), p. 12.

 

102          A.W. Argyle, “The Greek of Luke and Acts”, New Testament Studies 20 (1974): 445.

 

103          M.J.J. Menken, 2 Thessalonians (Londres: Routledge, 1994), p. 40.

 

104          Andrew Lincoln, Ephesians (Nashville: Thomas Nelson, 1990), p. lxx.

 

105          R. McL. Wilson, Colossians and Philemon (Londres: Clark, 2005), p. 31.

 

106


Para uma avaliação de como certos livros passaram a ser considerados parte do cânone das Escrituras, ver meu estudo Lost Christianities: The Battles for Scripture and the Faiths We Never Knew (Nova York: Oxford University Press, 2003). Uma discussão mais completa pode ser encontrada em Harry Gamble, The New Testament Canon: Its Making and Meaning (Filadélfia: Fortress, 1985).

 

107       Bruce M. Metzger, “Literary Forgeries and Canonical Pseudepi-grapha”, Journal of Biblical Literature 91 (1972): 15-16.

 

108       NorbertBrox,FalscheVerfasserangabe:ZurErklärungderfruhchristlichen

 

Pseudepigraphie (Stuttgart: KBW, 1975), p. 81, tradução minha para o ingles [na qual se baseou a tradução desta edição].

 

109       Wolfgang Speyer, Die literatische Fälschung im heidnischen und christlischen Altertum (Munique: Beck, 1971), p. 3, tradução minha para o ingles [na qual se baseou a tradução desta edição].

 

110       Kurt Aland, “The Problem of Anonymity and Pseudonymity in Christian Literature of the First Two Centuries”, Journal of Biblical Literature 12 (1961): 39-49.

 

111       James Dunn, “The Problem of Pseudonymity”, em The Living Word (Filadélfia: Fortress, 1987), pp. 65-85.

 

112       David Meade, Pseudonymity and Canon: An Investigation into the Relationship of Authorship and

 

Authority in Jewish and Earliest Christian Tradition (Tubingen: Mohr Siebeck, 1986).

113       Markus Barth e Helmut Blanke, Colossians (Nova York: Doubleday, 1994), p. 123.

 

114          Margaret Y. MacDonald, Colossians and Ephesians (Collegeville: Liturgical, 2000), p. 8.

 

115       Duas fontes adicionais são de séculos posteriores e quase sem valor histórico, como argumento mais abaixo.

 

116       A passagem é discutida mais detidamente, por exemplo, em Baum, Pseudepigrahie und literarische Fälschung, pp. 53-5.

 

117       Ibn Abi Usaybi’a, Kitah ‘uyun al-amba ‘fi tabaqat al-atibba’, ‘Amir al-Najjar (org.), 4 vols. (Cairo: al-Hay’a al-Misriyya al-’Amma lil-Kitab, 2001), 1:244-5.

 

118       Jâmblico, Vida de Pitágoras 31.

 

119       Ver Leonid Zhmud, Wissenschaft, Philosophie und Religion im fruhen Pythagoreismus (Berlim: Akademie, 1997), p. 91.

 

120       Ver, por exemplo, Holger Thesleff, Introduction to the Pythagorean Writings of the Hellenistic Period (Abo: Academi, 1961).

 

121       Dois filósofos neoplatônicos posteriores, Olimpiodoro e Elias, que viveram cerca de dois séculos e meio após Jâmblico, fizeram comentários basicamente similares (Olimpiodoro Prolegomenon 13.4-14.4; Elias In Porphyrii Isagogen et Aristotelis Categorias Commentaria 128.1-22). Mas eles são de tanto tempo depois do ocorrido que não podem nos ajudar a saber o que acontecia na época do Novo Testamento, meio milênio antes (não mais do que as práticas editoriais em voga hoje podem nos dizer o que acontecia nos anos 150). Ademais, os comentários de Olimpiodoro e Elias podem, na verdade, derivar da tradição iniciada com Jâmblico, cerca de 250 anos antes.

 

122       E. Randolph Richards, The Secretary in the Letters of Paul (Tubingen: Mohr Siebeck, 1991).

 

123         Ver ibid., p. 108.

 

124         Ver ibid., pp. 110-1.

 

125          Ver John J. Collins, The Scepter and the Star: The Messiahs of the Dead Sea Scrolls and Other Ancient

 

Literature (Nova York: Doubleday, 1995).


126


 

Para uma tradução para o inglês do Evangelho de Nicodemos, ver Bart D. Ehrman e Zlatko Plese, Apocryphal Gospels: Texts and Translations (Nova York: Oxford University Press, 2010).

127       Para uma tradução para o inglês, ver Ehrman e Plese, Apocryphal Gospels.

 

128          Ver nota anterior.

 

129         Ver nota 3.

 

130       Tertuliano, Apologia 21.24; Eusébio, História da Igreja 2.2.

 

131         Ver nota 3.

 

132          Tertuliano, Apologia 21.24.

 

133         Ver nota 3.

 

134          Para uma discussão mais completa, ver meu livro Misquoting Jesus: The History Behind Who Changed

 

the Bible and Why (São Francisco: Harper-SanFrancisco, 2005), pp. 63-5. No Brasil, O que Jesus disse?

 

O que Jesus não disse? — quem mudou a Bíblia e por quê (Rio de Janeiro: Prestígio, 2006).

 

135       Na história da interpretação da passagem, a pergunta sempre foi “O que ele estava escrevendo?”. Alguns consideraram que ele deveria estar escrevendo os pecados dos acusadores da mulher. Ou uma citação adequada das Escrituras. Ou uma declaração de condenação de juízes injustos. Ou alguma outra coisa!

 

136       Chris Keith, The Pericope Adulterae, the Gospel of John, and the Literacy of Jesus (Leiden: Brill, 2009).

 

137       Agostinho, Sobre a harmonia dos evangelhos 1.10.

 

138       Outros textos supostamente escritos por Jesus são citados em vários pais da Igreja, como Agostinho (Contra Fausto 28.4) e Leão, o Grande (Sermão 34.4).

 

139       Meu raciocínio no caso é não ser ela uma carta que existiu fora de seu contexto ficcional, um elemento de correspondência que circulou independentemente como escrito de Jesus.

 

140       Para traduções para o inglês das duas cartas, ver Ehrman e Plese, Apocryphal Gospels.

 

141       Uma tradução para o inglês de trechos do diário de Egeria é dada por Andrew Jacobs em Bart Ehrman e Andrew Jacobs, Christianity in Late Antiquity, 300-450 d.C.: A Reader (Nova York: Oxford University Press, 2003), pp. 333-46.

 

142       Tertuliano, Apology 40, tradução para o inglês por S. Thelwell, em Alexander Roberts e James Donaldson (orgs.), The Ante-Nicene Fathers (reimp., Grand Rapids: Eerdmans, 1995).

 

143       Minucius Felix Octavius 9.6-7; em G.W. Clarke (org.), The Octavius of Minucius Felix (Mahway: Paulist, 1974).

 

144       Minucius Felix Octavius 9.5.

 

145       Para traduções para o inglês de uma série de relatos, ver Herbert Musurillo, Acts of the Christian Martyrs (Oxford: Clarendon, 1972).

146       Eusébio, História da Igreja 9.5.

 

147          Ovídio, Metamorfoses 14.136-46.

 

148       Para um excelente estudo da Sibila e seus oráculos, ver H.W. Parke, Sibyls and Sibylline Prophecy in Classical Antiquity, B.C. McGin (org.) (Londres: Routledge, 1988).

 

149       Para uma análise completa e tradução dos oráculos preservados, ver John J. Collins, Sibylline Oracles, em James Charlesworth (org.), Old Testament Pseudepigrapha, 2 vols. (Nova York: Doubleday, 1983-85), 2:317-472.

 

150       Todas as traduções são de Collins em Charlesworth (org.), Old Testament Pseudepigrapha.

 

151


Justino, Primeira Apologia 20.

 

152       Por exemplo, o crítico pagão Celso, por volta de 177 d.C., como citado pelo pai da Igreja Orígenes, em seu livro Contra Celso (5.61.615; 7.53.732; 7.56.734). Ver também uma oração latina atribuída ao imperador (cristão) Constantino encontrada em Eusébio, Vida de Constantino, na qual o imperador alega que as acusações pagãs de falsificação são falsas.

 

153       John J. Gunther, St. Paul’s Opponents and Their Background (Leiden: Brill, 1973).

 

154          Thomas  Sappington, Revelation  and  Redemption  at  Colossae  (Sheffield:  JSOT,  1991);  Richard

 

Demaris, Colossian Controversy: Wisdom in Dispute at Colossae  (Sheffield: Sheffield  University

 

Press, 1994); Clinton Arnold, Colossian Syncretism: The Interface Between Christianity and Folk

 

Belief at Colossae (Tubingen: Mohr Siebeck, 1995); Troy Martin, By Philosophy and Empty Deceit:

 

Colossians as Response to a Cynic Critique (Sheffield: Sheffield Academic Press, 1996).

 

155       Tirei todas as traduções para o inglês dos Escritos pseudoclementinos de Thomas Smith, “The Pseudo-Clementine Literature”, em Alexander Roberts e James Donaldson (orgs.), The Ante-Nicene Fathers, vol. 8 (reimp., Grand Rapids: Eerdmans, 1995).

 

156       São chamados assim porque consistem em 20 sermões supostamente feitos por Clemente, nos quais ele conta suas histórias de viagens e aventuras com o apóstolo Pedro.

 

157       Houve nos últimos anos uma avalanche de livros sobre o Tiago histórico. Para um tratamento competente por um bom estudioso (de quem discordo em muitos pontos), ver John Painter, Just James: The Brother of Jesus in History and Tradition (Edimburgo: Clark, 1997).

 

158       Ver, por exemplo, a discussão em meu Jesus, Interrupted: Revealing the Hidden Contradictions in the

 

Bible (And Why We Don’t Know About Them) (São Francisco: HarperOne, 2009), pp. 53-8. No Brasil, Quem Jesus foi? Quem Jesus não foi? — mais revelações inéditas sobre as contradições da Bíblia (Rio de Janeiro: Ediouro, 2010).

 

159       Os estudiosos apresentaram quatro grandes explicações possíveis para essas “passagens nós”. Três das quatro parecem não funcionar. A explicação tradicional é que o autor era companheiro de Paulo. Mas essa visão tem problemas, já que o autor comete tantos erros sobre a vida e os ensinamentos de Paulo que não parece ser um companheiro próximo. Outros estudiosos sustentaram que o autor, quem quer que seja, teve acesso a um companheiro de viagem de Paulo e o inseriu em alguns pontos, criando a estranha utilização eventual do “nós” (já que era como o itinerário era grafado). Essa é uma opção atraente, mas não explica por que o estilo de redação e o vocabulário das “passagens nós” é praticamente o mesmo do resto de Atos. Se o itinerário saiu de um autor diferente, seria de esperar que o estilo fosse diferente. Outros acadêmicos argumentaram que o autor está usando uma antiga técnica de descrever narrativas de viagem — sobretudo aquelas envolvendo viagens marítimas — na primeira pessoa. Mas há acadêmicos que destacaram haver muitas narrativas de viagens assim não escritas na primeira pessoa, de modo que isso parece não explicar essas passagens. A quarta explicação é a que me parece ter menos problemas: o autor editou esses trechos de Atos para fazer seus leitores suporem que ele esteve com Paulo nesses momentos da história, embora não estivesse. Isso explicaria por que os trechos “nós” começam e terminam tão ab-ruptamente: foi apenas um instrumento estilístico do autor para se inserir na história em alguns poucos momentos.

 

160       Irineu, Contra as heresias 3.14.1.

 

161         Ver nota 6.

 

162       Hoje os estudiosos estão muito divididos sobre como discutir o gnosticismo ou mesmo considerar o gnosticismo um único fenômeno amplo. Para três pontos de vista muito diferentes por acadêmicos de


 

destaque, ver Karen King, What Is Gnosticism? (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2005);

 

Bentley Layton, The Gnostic Scriptures: Ancient Wisdom for the New Age (Nova York: Doubleday,

 

1987),  no  Brasil As  escrituras  gnósticas (São  Paulo:  Loyola,   2002);  e  Birger  Pearson,  Ancient

 

Gnosticism: Traditions and Literature (Mineápolis: Fortress, 2007).

 

163       Para uma nova tradução para o inglês dos escritos de Nag Hammadi, ver Marvin Meyer (org.), The Nag Hammadi Scriptures (São Francisco: HarperOne, 2007).

 

164       Epifânio, Panarion 26.

 

165       Não se sabe se Epifânio de fato conheceu e leu esses outros livros ou se os estava inventando.

 

166         Tanto Dídimo quanto Tomé significam “gêmeo”; Judas era seu nome. Ele é citado como gêmeo de Jesus no antigo livro sírio Atos de Tomé, que descreve sua viagem missionária à Índia após a morte de Jesus.

 

167       Para uma tradução para o inglês, ver Meyer, Nag Hammadi Scriptures, pp. 487-97. Tirei minhas citações daí.

 

168       Ver nota anterior.

 

169       Para uma tradução para o inglês, ver Wilhelm Schneemelcher, New Testament Apocrypha, tradução de R. McL. Wilson, 2 vols. (Louisville: Westminster John Knox, 1991-92), 1:249-84.

170       Daí Johannes Quasten, Patrology (Utrecht: Spectrum, 1950), 2:412-13.

 

171       É incluído como parte do cânone do Novo Testamento, por exemplo, em um famoso manuscrito bíblico do século V, o Codex Alexandrinus.

 

172       Sobre a variedade de expectativas de como seria o futuro messias, ver John J. Collins, The Scepter and the Star (Nova York: Doubleday, 1995) e minha breve avaliação no capítulo 5.

 

173       Irineu, Contra as heresias 3.7.11.

 

174       Pápias indica que recebeu essa informação de alguém que conhecera os apóstolos; ou seja, ela nos chega em terceira mão. Ver a nota seguinte.

 

175       Para o texto completo dos comentários de Pápias, ver Bart D. Ehrman, The Apostolic Fathers, 2 vols., Loeb Classical Library (Cambridge: Harvard University Press, 2003), 2:103.

 

176       Tertuliano, Contra Marcião 4.5.

 

177          Defendo essa tese em meu livro Jesus, Interrupted: Revealing the Hidden Contradictions in the Bible

 

(And Why We Don’t Know About Them) (São Francisco: HarperOne, 2009), pp. 102-12, e provavelmente não preciso repetir aqui todos os argumentos e informações.

 

178       Para o argumento de que o autor pretende fazer seus leitores pensarem que era Paulo, ver Clare Rothschild, Hebrews as Pseudepigraphon (Tubingen: Mohr Siebeck, 2009).

 

179       Para uma tradução para o inglês, ver Ehrman, Apostolic Fathers, 2:3-83.

 

180          Para uma tradução para o inglês, ver Bart D. Ehrman e Zlatko Plese, Apocryphal Gospels: Texts and

 

Translations (Nova York: Oxford University Press, 2010).

181       Ver David Dungan e J.K. Elliott, Art and the Christian Apocrypha (Nova York: Routledge, 2001).

 

182         Ver nota 11.

 

183         Ver nota 11.

 

184          O  estudo  mais  completo  e  recente  é  Reidar  Aasgard, The  Childhood  of  Jesus:  Decoding  the

 

Apocryphal Infancy Gospel of Thomas (Eugene: Cascade, 2009).

 

185       Ver meu livro Jesus, Interrupted. Como insisto ali, esse ponto de vista de que os evangelhos contêm relatos não históricos não é apenas uma idiossincrasia; é o consenso do conhecimento crítico moderno e tem sido assim há muito tempo.

 

186  Esse é o tema de meu livro anterior Misquoting Jesus: The Story Behind Who Changed the Bible and

 

Why (São Francisco: HarperOne, 2005). Aqui resumo apenas alguns dos pontos mais importantes.

187       Ver meu livro Misquoting Jesus.

 

188       Ver a discussão em Gordon Fee, The First Epistle to the Corinthians (Grand Rapids: Eerdmans, 1987) ou, mais resumidamente, Misquoting Jesus.

189       Robert Funk, Toy W. Hoover e Jesus Seminar (orgs.), The Five Gospels: The Search for the Authentic

 

Words of Jesus (Nova York: Macmillan, 1993), p. 22.

 

190       The Architecture of Marcus Vitruvius Pollio, tradução para o inglês por Joseph Gwilt (Londres: Priestley and Weale, 1826).

 

191       Políbio, Histórias 9.2.12.

 

192       Marcial, Epigrams 1.66; tradução para o inglês por Walter C.A. Ker, Loeb Classical Library (Cambridge: Harvard University Press, 1979).

 

193       Diógenes Laércio, Vidas 2.60; 5.93; 8.54; tradução para o inglês por R.d. Hicks, Loeb Classical Library (Cambridge: Harvard University Press, 1931).

 

194       Edgar J. Goodspeed, Modern Apocrypha (Boston: Beacon, 1956); Per Beskow, Strange Tales About

 

Jesus: A Survey of Unfamiliar Gospels (Filadélfia: Fortress, 1983).

195       Discutido em Goodspeed, Modern Apocrypha, pp. 3-14; e Beskow, Strange Tales, pp. 57-65.

 

196          Ver Goodspeed, Modern Apocrypha; Beskow, Strange Tales, pp. 20-28; 42-50.

 

197       Por fonte romana, me refiro a qualquer fonte escrita por um autor pagão do Império Romano; Jesus é mencionado em fontes cristãs, claro, e duas vezes nos escritos do historiador judeu Josefo, mas por nenhuma outra fonte do século I.

 

198       Ver Goodspeed, Modern Apocrypha, pp. 92-96; Beskow, Strange Tales, pp. 16-24.

 

199          Tirei a tradução para o inglês de Goodspeed, Modern Apocrypha, pp. 92-93.

 

200         Ver ibid., pp. 97-101.

 

201         Ver ibid., p. 101.

 

202       Ver ibid., pp. 45-49. Essa história é baseada em antigas tradições, especialmente populares no cristianismo bizantino, sobre Maria e um ovo vermelho, que possivelmente indica a origem do costume de colorir ovos de Páscoa.

 

203       Segundo Beskow, esse relato foi produzido pelo clérigo anglicano Gideon Ouseley (1835-1906), um vegetariano convicto que escreveu dez livros sobre vegetarianismo e ocultismo.

 

204       Hugh Schonfield, The Passover Plot (Nova York: Bantam, 1965).

 

205          Ver capítulo 1, nota 16.

 

206         Ver ibid.

 

207       Um dos mais empolgados defensores de Morton Smith, que argumenta veementemente que a carta de Clemente é autêntica, é Scott Brown; seu estudo mais completo é Mark’s Other Gospel: Rethinking Morton Smith’s Controversial Discovery (Waterloo: Laurier University Press, 2005).

 

208       Para um tratamento popular, ver Sissela Bok, Lying: Moral Choice in Public and Private Life, 3a  ed.

 

(Nova York: Vintage, 1999).

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